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Publicado em: 23/07/2012 às 18:09

Tecnologia possibilita aumento da produção de sisal

Por: Ascom/Fapesb

Dois pesquisadores mexicanos da Universidade Autônoma de Ganajuato estão na Bahia, com o objetivo de preparar técnicos do Governo do Estado e pesquisadores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia(UFRB) para produção, em larga escala, de mudas de sisal. Eles vão ensinar a técnica da micropropagação por cultura de tecidos para aplicação na biofábrica do sisal, que será construída em Cruz das Almas, em 2013.

As aulas, com duração de uma semana, incluem encontros teóricos e práticos para a transferência da tecnologia. A técnica consegue, por meio de uma célula da planta, criar uma muda. Com isso, acelera a produção de novos exemplares, que são mais fortes em relação aos encontrados na natureza.

Economia de tempo – “Como não tínhamos conhecimento dessa tecnologia, a visita dos pesquisadores vai representar economia de algo em torno de dois anos de trabalho, tempo que levaríamos para desenvolver a técnica”, afirmou a pró-Reitora de Pesquisa e Pós Graduação da UFRB, Ana Cristina Fermino.

Por intermédio da nova técnica, a biofábrica deve produzir um milhão de mudas para distribuição nas 76 cidades baianas onde há produtores de sisal. “Nossa intenção é recuperar a lavoura, que passa por um problema de produtividade, devido à podridão vermelha e à falta de conhecimento científico na produção”, explicou o secretário de Ciência e Tecnologia, Paulo Câmera.

Anualmente, a Bahia tem colheita de 110 mil toneladas e se destaca como o maior produtor de sisal do país. Mais de 700 mil pessoas vivem na região em que a planta é uma das principais fontes de renda. Apesar do volume, a utilização das fibras é direcionada apenas ao artesanato e à tecelagem de exportação. Um dos objetivos das pesquisas ligadas à biofábrica é permitir produção suficiente para que o sisal tenha outros usos, agregando valor à planta.

Fabricação de móveis e painéis de veículos

Entre as novas aplicações do sisal está a fabricação de móveis e painéis de veículos. Os primeiros protótipos já chegam a utilizar a fibra para substituir 20% da antiga matéria prima. O grande desafio é manter produção que garanta segurança às indústrias, as quais pretendem usá-lo.
“A indústria compra uma ideia se tiver garantia de fornecimento e é isso que buscamos. Com a biofábrica, teremos mudas e todo o acompanhamento técnico para garantir a produção, aumentando a qualidade e o número de plantas por hectare”, afirmou o secretário Paulo Câmera.

Além do sisal tradicional, conhecido científicamente como Agave sisalana, outros dois tipos da planta serão produzidos pela biofábrica e distribuídos na região sisaleira. De acordo com Câmera, o Agave tequilana e o Agave 11648 (híbrido) vão estar no projeto. “A tequilana é utilizada para produzir bebidas destiladas, como a tequila, xaropes e bioetanol. A hibrída tem fibras curtas e é mais apropriada à industrialização.”

Trabalho desenvolvido em parceria

O trabalho de incentivo à produção do sisal é realizado em parceria pelas secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Agricultura (Seagri), além da UFRB. A produção das pesquisas e das mudas será feita em Cruz das Almas, devido à disponibilidade de pesquisadores e infraestrutura de laboratórios, porém, a produção será direcionada às cidades que se dedicam ao cultivo do sisal.

“Acreditamos que, entre três e cinco anos, o conhecimento científico produzido pela UFRB, com apoio técnico do estado, permitirá mudança da realidade da região sisaleira da Bahia”, disse o secretário.

Fonte: Diário Oficial

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