GIRO NA CIÊNCIA: Método experimental promete substituir a quimioterapia
Por: Ascom/Fapesb
Em um esforço que reuniu pesquisadores de três países, foi apresentado nesta terça-feira um novo tipo de tratamento para o câncer que promete aposentar a quimioterapia. O método consiste em elevar a temperatura do tumor (ou seja, causar hipertermia), enquanto se mantêm frios os tecidos saudáveis ao redor. O tailandês Monrudee Liangruksa, o americano Ishwar Puri e o indiano Ranjan Ganguly apresentaram os resultados de sua pesquisa no encontro anual da Sociedade Americana Medicinal, no estado americano da Califórnia.
Puri explicou que a técnica é possível por meio da indução da hipertermia com uso de ferrofluidos – líquidos que respondem a campos magnéticos. Quando expostas ao magnetismo, as nanopartículas (um bilionésimo menores que um metro) dos ferrofluidos são atraídas para o tumor, como clipes metálicos seguindo um imã.
Ishwar Puri, professor da Universidade Virginia Tech e membro da equipe responsável pelo estudo
“Depois de aplicados na veia, esses fluidos podem ser magneticamente orientados para tecidos cancerígenos”, diz Puri. “As nanopartículas magnéticas penetram no tecido da célula tumoral devido à alta permeabilidade desses vasos.”
Em seguida, as nanopartículas são aquecidas e causam a morte do tecido cancerígeno por excesso de calor. “O tumor sofre coagulação ou carbonização por exposição a uma frequência de rádio. A transferência de calor das nanopartículas para o tecido pode causar também a ruptura das membranas celulares”, explica o pesquisador.
O tratamento se chama hipertermia magnética fluida, mas a equipe o apelidou de termoterapia. Em temperaturas entre 41 e 45 graus Celsius já é possível reduzir o crescimento de um tumor. No entanto, sem a atração magnética dos ferrofluidos, que concentram o calor só na região afetada pelo câncer, esse processo mataria também as células saudáveis. “O tratamento ideal aumenta a temperatura das células tumorais por aproximadamente 30 minutos, mantendo a temperatura dos tecidos saudáveis abaixo de 41 graus Celsius”, disse Puri.
Como próximo passo, os pesquisadores planejam testar o procedimento em diversos tipos de células cancerígenas, em colaboração com o especialista Elankumaran Subbiah, da Escola de Medicina Veterinária de Virgínia-Maryland.
Matéria publicada no site da Revista Veja