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Publicado em: 08/01/2016 às 16:34

Laboratório de Elevação Artificial da UFBA reproduz extração de petróleo em escala real

Por: Ascom/Fapesb

Os cursos de Engenharia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) contam, há mais de 11 anos, com o Centro de Capacitação Tecnológica em Automação Industrial (CTAI). O CTAI é um complexo formado por nove laboratórios dedicados ao estudo, pesquisa, desenvolvimento e execução de projetos e atividades de ensino e extensão. Ele integra ambientes de estudo, laboratórios e o atendimento a empresas em atividade, nos polos regionais. Formado em 2004 por uma associação de professores, pesquisadores e técnicos, o Centro atua no desenvolvimento de pesquisas multidisciplinares nas áreas de engenharia mecânica, engenharia de controle, automação e software. Para o professor Herman Lepikson, fundador do Centro, o complexo contribui de forma significativa com o ensino de graduação e pós-graduação da Escola Politécnica da UFBA: “Além de produzir conhecimento, o CTAI produz mão de obra qualificada”.

Um dos laboratórios que se encontram no Centro é o Laboratório de Elevação Artificial (LEA), que foi inaugurado em 2011 e tem uma estrutura única no estado. A Elevação é o processo utilizado na indústria de petróleo e gás para transportar verticalmente os líquidos produzidos por um reservatório (óleo e água) do fundo do poço até o ponto externo do poço, na superfície, vencendo a força da gravidade. Existe casos em que a elevação ocorre naturalmente, mas na maior parte dos poços é feita artificialmente. O Laboratório reproduz fielmente a elevação artificial, em que a pressão do reservatório não é suficiente para vencer o peso da coluna no poço. Para que o mesmo realize o processo de elevação, é necessário a adição de energia externa, e no caso do LEA, essa energia é gerada por meio da instalação de bombas especiais dentro do poço.

No Laboratório foram construídos três poços de produção de petróleo em escala real: o primeiro poço foi equipado com um sistema de Bombeio Centrífugo Submerso (BCS), o segundo, com um sistema de Bombeio Mecânico e o terceiro será, ainda, equipado com Bombeio de Cavidades Progressivas (BCP). Com essa tecnologia é possível reproduzir fielmente o contexto encontrado em operações em poços de petróleo. Para desenvolver a pesquisa e o desenvolvimento de técnicas de produção e estudos avançados em métodos de elevação de petróleo, o LEA conta com apoio da Petrobrás. Leizer Schnitman, Coordenador do CTAI, afirma que o trabalho desenvolvido com a Petrobrás visa minimizar o consumo energético da empresa, para que os equipamentos operem gastando a menor quantidade de energia possível sem perder produção.

No caso do sistema de BCS, uma bomba centrífuga de vários estágios é instalada no fundo do poço, amais de dois mil metros de profundidade. Segundo Leizer, se essa bomba apresentar algum problema, o custo para realizar esse conserto é enorme já que é preciso parar uma produção inteira, além de deslocar sondas e navios. Então, antes de instalar essas bombas no fundo do mar, muitos testes são feitos para garantir o bom funcionamento do equipamento: “São feitos antes de instalar, porque depois, eles custam milhares de dólares por dia para serem realizados”. No LEA existe um projeto na área de análise de vibração do BCS, um teste que utiliza um método não invasivo: “É como um transformador na rua, você escuta ele fazendo um barulho, vibrando, então tem alguma coisa errada”, afirma Leizer.

Os outros laboratórios do Centro são os de Software, Controle, Pesquisa e Desenvolvimento, Visão Computacional (IvisionLab), Desenvolvimento de Sistemas de AeroDesign, Hidráulica e Pneumática Industrial e Usinagem e Prototipagem Mecatrônica. Desde a criação do CTAI, grande parte das suas instalações contam com apoio da Fapesb, através de editais de Infraestrutura, que possibilitaram a obtenção de diversos equipamentos, aparelhos e kits.

Para Herman, um dos grandes desafios que se impõem ao pesquisador é dirigir o foco às necessidades da sociedade. Nesse sentido, houve uma aproximação natural do CTAI com a indústria: “A ligação do conhecimento, que é a parte da universidade, com as necessidades do mercado, que é a parte das empresas, é muito importante”. Ele cita que a tecnologia desenvolvida pelo LEA aliada à aplicação em empresas permite que os profissionais possam, inclusive, localizar petróleo em locais distantes ou remotos. Isso, antes, era impensável: “Acredito que isso pode afetar no desenvolvimento de toda uma região”.

Além da Petrobrás, o complexo é parceiro da Rockwell Automation, uma das maiores empresas do mundo dedicada à automação industrial. Segundo Raul Groszmann, diretor de Relações Institucionais da Rockwell, a universidade gera recursos para que as empresas melhorem a eficiência dos equipamentos e aumentem sua produtividade. Em contrapartida, a indústria é levada para dentro da universidade, que consegue desenvolver pesquisas aplicadas a fim de se adequar às necessidades do mercado: “É um relacionamento ganha-ganha, de longo prazo”, ressalta Raul.

Por: Ana Cely Santana/Lorena Bertino

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