Pesquisadora baiana alerta para riscos da ingestão de plantas medicinais por gestantes
Por: Ascom/Fapesb
Focado no romã, estudo identificou que 89% das entrevistadas não conheciam os perigos de consumir o fruto e outros tipos de alimentos com valor medicinal
A gravidez é um momento importante na vida de uma mulher. Nesse período, o corpo feminino sofre diversas mudanças e os cuidados com a saúde aumentam. As gestantes precisam evitar usos de diversas substâncias e ter atenção redobrada na alimentação. Observando esse cenário, Sâmela Gomes, graduanda na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), junto com o seu orientador, Murilo Scaldaferri, desenvolveu uma pesquisa sobre os riscos do consumo da fruta romã por grávidas no município de Itapetinga, na Bahia, intitulado como “Propriedades medicinais da Romã. Aplicações terapêuticas: uma análise para gestantes”.
O fruto apresenta muitos benefícios à saúde humana. Seus compostos têm efeito anti-inflamatório e antisséptico, além disso, podem auxiliar na prevenção de doenças como Alzheimer e câncer. Porém, essas substâncias em uma mulher grávida podem causar malefícios. Sabendo disso, a então estudante de ciências biológicas decidiu se aprofundar no assunto. “Sempre ouvi falar do uso da fruta, como planta medicinal, através de vizinhos e familiares. No final do curso pensei em me aprofundar mais no assunto, e, junto com meu orientador Murilo Scaldaferri, trouxemos a perspectiva das gestantes sobre seu uso antes e durante o período gestacional”, diz Sâmela.
A pesquisadora percebeu que as gestantes do seu município não sabiam que o uso indiscriminado de algumas partes do fruto poderia levar riscos ao feto. Ela aplicou um questionário para 80 grávidas que faziam parte do Programa de Saúde da Família (PSF) de Itapetinga. Os resultados mostraram que 89% das entrevistadas usavam a parte que pode trazer problemas para as gestantes. “11% utilizavam a romã de forma alimentícia e 89% faziam a infusão em água e chá do caule e folhas, mostrando assim a preocupação, pois o caule apresenta componentes químicos que, através dos seus princípios ativos, são capazes de atravessar a placenta e atingir o feto”, explica.
A pesquisa aponta o desconhecimento das gestantes sobre os perigos do consumo da romã e outras plantas medicinais. Sâmela afirma que seu estudo é fundamental para chamar atenção para a falta de conhecimento sobre esse assunto. “É importante levar tais informações para que sirvam de alerta às pessoas que desconhecem os malefícios de algumas plantas medicinais, que, por serem consideradas ‘naturais’, vindas da terra, são utilizadas indiscriminadamente. Às vezes uma simples ação para melhorar um resfriado, pode levar a morte do feto, má formação ou a embriotoxicidade”.
Com o estudo concluído, a pesquisadora defende a necessidade de fazer esse tipo de informação chegar às comunidades. “Ao evidenciar os malefícios de algumas partes da romã, notei a surpresa das mulheres entrevistadas que estavam presentes, e até de alguns profissionais da saúde, pois ninguém conhecia seus riscos. Diante disso, percebo que é fundamental levar esse conhecimento através de palestras para todas as pessoas atendidas pelo Programa de Saúde da Família e outros locais”.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br.