Estudos da Fiocruz-BA aguardam por R$ 12 milhões da Fapesb
Por: Ascom/Fapesb
Fundação sobre com atraso e corte de repasses por parte do governo do estado
Só no Instituto Gonçalo Moniz, braço da Fiocruz na Bahia, mais de R$ 12 milhões aguardam para serem liberados – entre eles, R$ 1,5 milhão de uma pesquisa do médico e pesquisador baiano Mitermayer Galvão Reis, que estudaria os efeitos do vírus da zika em bebês nascidos de mães expostas à doença: “A situação mais grave é a da microcefalia, mas ele pode desenvolver alterações oculares, neurológicas, auditivas, motoras, que, às vezes, podem passar despercebidas”.
Reis, pesquisador baiano de renome internacional, ainda tem outra importante pesquisa que não saiu do papel. Ele aguarda o repasse de parte de R$ 930 mil para começar um estudo sobre esquistossomose em Salvador. Seriam analisados todos os mananciais hídricos da cidade para identificar caramujos contaminados com o verme Schistosoma.
Corte de verba para a Fapesb afeta 80% das pesquisas da Fundação
Os benefícios do estudo, segundo o médico, seriam o mapeamento de área de risco da doença e o teste de um novo e mais preciso método de diagnóstico da enfermidade, através da análise da urina. “Os exames de fezes não são muito sensíveis, tanto que pedimos duas ou três amostras para fazer o diagnóstico”, explica.
Outras pesquisas que estão ameaçadas são as coordenadas pelo laboratório da professora Tânia Fischer, o Centro de Desenvolvimento Territorial e Gestão Social (Ciags). A unidade já teve estudos premiados em âmbito nacional e internacional, a exemplo da conduzida pela Major Denice Santiago, sobre a aplicação da Lei Maria da Penha na Bahia.
Atualmente, ela tem seis projetos em andamento financiados com recursos da Fapesb. Tânia recebeu a primeira parcela desse valor no início do ano e depois não viu mais a cor do dinheiro. Um dos que correu risco de ser extinto foi o Projeto Gestão e Salvaguarda do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Terreiros, que, inclusive, gerou como produto a criação de um Plano Museológico para o Memorial de Mãe Menininha do Gantois. A iniciativa só não parou porque contava com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Por conta da falta de recursos, ela teve de suspender um estudo sobre a importância dos mestrados profissionais para a criação de tecnologias de gestão social e outro que visava o apoio e implantação dos núcleos de pesquisa de desenvolvimento territorial em diferentes regiões da Bahia.
Há ainda quem dê um jeitinho para não colocar os projetos em risco. Aguardando recursos para concluir um estudo de cooperação internacional sobre os mecanismos de defesa sobre leishmaniose, a pesquisadora Valéria Borges foi fazendo arranjos para conseguir que a sua orientanda de doutorado, Nívea Farias Luz, conseguisse pelo menos ter material suficiente para concluir a pesquisa que daria origem à tese.
Ela foi alocando recursos que sobraram de outros projetos, pedindo a colaboração de outros laboratórios parceiros para conseguir reagentes químicas e viabilizar a conclusão. Tanto esforço valeu a pena: o trabalho da estudante foi contemplado com o Prêmio Capes-Interfarma de Inovação e Pesquisa.
Fonte: Correio 24h