Estudantes criam aplicativo para gerenciar produção leiteira na Bahia

Projeto foi premiado pelo Programa Acelera Esalq, da Universidade de São Paulo (USP)

Um grupo de estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) desenvolveu um aplicativo, chamado Daily Milk, capaz de mensurar a produção leiteira dos fazendeiros e assim otimizar mão de obra e economizar diversas matérias-primas. De acordo com uma das idealizadoras do projeto, Maiara Santos, estudante de Agronomia, o app é equipado com um sistema de sensores de identificação e medição da produção de leite individual, que, diariamente, ordenha sem alterar a rotina do produtor para que ele tenha dados precisos sobre a sua produção diária, mensal e anual, além de indicativos de mastite e relatórios. “Queremos levar facilidade na operacionalização e assertividade na tomada de decisão para promover a eficiência, aumento de produção e qualidade de vida dos fazendeiros”, disse.

Segundo Maiara, a inspiração para desenvolver o trabalho começou em 2018, devido ao número baixo de produtores que fazem controle leiteiro diário e individual. “Começamos a conversar com produtores e agricultores familiares sobre essa problemática e percebemos que isso ocorria devido à ineficiência da atividade, por ser uma prática trabalhosa e ser necessário pesar o leite e anotar cada vez que a vaca produz diariamente, além da demanda de tempo e mão de obra. Então decidimos juntar os nossos conhecimentos de agronomia com computação e começar a pensar na solução para esse problema”, explicou Maiara, ao ressaltar que o grupo foi finalista do prêmio Arlindo Fragoso de inovação do CREA-BA, em 2018, e no início deste ano, o grupo responsável pela criação do Daily Milk foi para São Paulo participar da Campus Mobile, um concurso da USP em parceria com o Instituto Claro, do qual também foram premiados como um dos finalistas. “Em agosto desse ano, a gente participou do Acelera ESALQ/USP, onde conseguimos o segundo lugar da premiação”.

O Daily Milk possui um diferencial de mercado que é a coleta de dados automatizada a um baixo custo, utilizando de sensores RFID de identificação animal e sensores de fluxo para medição da produção de leite de cada vaca que trabalha em conjunto com o aplicativo mobile e um sistema web com funcionalidades simples, que facilita o manuseio pelo produtor. “Além disso, nosso sistema fornece o indicativo de mastite subclínica e alertas de produções, que vai auxiliar o produtor a tomar as decisões no momento certo, e, acima de tudo, estamos levando uma plataforma de interface simples, para fazendeiros da Zona Rural, que, muitas vezes, não possuem acesso a tecnologia e sem essa facilidade, talvez não pudessem aprimorar o seu trabalho com base em funções tecnológicas”, declarou, reiterando que o app está no estágio de testes e já possui aprovação de vários produtores de leite.

Para Maiara, um aplicativo como este fornece não somente a inclusão tecnológica, principalmente para os pequenos pecuaristas, como também auxilia no desenvolvimento da pecuária familiar, aumento de produtividade e, consequentemente, da qualidade de vida e melhoria de renda. “Desenvolvemos um aplicativo simples de manusear e de baixo custo, pois muitos fazendeiros são sequer alfabetizados, mas a tecnologia precisa ser acessível e democrática. Com o Daily Milk, oferecemos assistência e suporte online, diferente de outros produtos do mercado que possuem ferramentas de alta complexidade, desviando o objetivo principal, que é aumentar a produção e maximizar os lucros”, finalizou.

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br.

Estudante baiana utiliza lima-da-pérsia para desinfecção de água

Pesquisa científica dá continuidade à estudo que teve origem nos EUA

“Não há estudo brasileiro com base científica que aponte a eficácia da Lima no processo de desinfecção da água relacionada a substâncias nocivas ao ser humano”. É desta forma que a estudante Tainá Larissa, do Colégio Estadual João Vilas Boas, localizado no município de Livramento de Nossa Senhora, justifica a importância de sua pesquisa científica, que investiga formas alternativas de purificação de água, a exemplo do cloro, prejudicial à saúde, pois possui em sua composição sub clorados cancerígenos. A solução encontrada está na fruta Lima-da-Pérsia, que, segundo Tainá, tem potencial desinfetante.

“Nosso projeto utilizou o método SODIS, ou seja, desinfecção da água por exposição solar. Nos baseamos em um estudo da Universidade Johns Hopkins School, nos EUA, a fim de democratizar esse recurso em boa qualidade, visto que a água é um elemento fundamental para nossa sobrevivência”, disse a estudante ao reafirmar sua inspiração para o trabalho. “A ideia surgiu em uma aula de química em que discutíamos os malefícios e benefícios do cloro quando utilizado na água e questionamos a possibilidade de existir outro método, ainda não divulgado, de preferência natural, que pudesse fazer essa desinfecção sem causar danos na saúde”.

De acordo com Tainá, a maioria dos estudos relacionados à desinfecção da água possui meios caros ou de difícil manuseio, como a utilização do ozônio e de lâmpadas ultravioletas. “Um exemplo disso foi a dificuldade que tivemos em conseguir orientação para saber se a proposta da Lima seria, de fato, eficaz”, destacou a estudante. “Ao aprimorar e popularizar a proposta da Johns Hopkins School, conseguimos mostrar que todos podem ter acesso a uma água em boa qualidade, sem recorrer a meios complexos. No nosso caso, utilizamos somente a Lima, aliada a essa fonte de energia que temos em abundância, especialmente na região Nordeste, que é o sol”.

Conforme a estudante, há grande satisfação em poder provar que meninas do interior como ela, de apenas 17 anos, são capazes de desenvolver ciência e que seu sonho é representar o Brasil em uma Feira de Ciências em Dubai com um projeto de alto nível. “Conseguimos atingir o primeiro objetivo do nosso projeto que é a comprovação da eficácia da Lima na desinfecção, mas queremos, ainda, fazer mais testes para entendermos melhor esse processo e aprimorarmos essa proposta. Estamos, agora, em busca de laboratórios que realizam análises de água, ou parcerias, para conseguirmos recursos financeiros e dar seguimento a este estudo”, completou.

O projeto conta também com os fatores econômico e sustentável, pois utiliza, ao longo do processo, o sol e uma fruta de baixo custo, que também pode ser cultivada. Além disso, a desinfecção utiliza garrafas de vidro ou PET, promovendo um destino diferente do descarte na natureza, contribuindo para a reciclagem, visto que o plástico demora anos para se decompor. Recentemente, Tainá viajou ao Recife, capital de Pernambuco, para expor seu trabalho em uma feira de ciências. “Isso só foi possível graças ao apoio do laboratório Nutrisegura em Vitória da Conquista, que nos acolheu para fazer as análises sem custo algum, além de outros parceiros que nos ajudaram a arcar com as despesas da viagem”, finalizou.

Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br.

Fapesb recebe recursos para promover pesquisa após aprovar projetos na Capes

Fundação concederá novas bolsas, parte delas custeada pela Capes

Mais investimento para a pesquisa científica. É que a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) aprovou projetos junto à Capes. O resultado oficial do edital 18/2020 foi divulgado nesta sexta-feira (18) com a aprovação de 4 propostas, cada qual com 4 programas de universidades diferentes, que se unem em torno de um tema: desenvolvimento da pós-graduação no estado. Com esta conquista, a Fapesb vai custear novas bolsas, uma parte financiada pela Capes, gerando a possibilidade de ampliar o quadro de bolsistas e de aumentar o investimento para a produção da ciência, visto que o Programa da Capes possui foco em gerar parcerias estratégicas nos estados.
Os temas das 4 propostas aprovadas foram escolhidos em uma oficina realizada com a participação do setor produtivo, sociedade civil organizada, instituições de ensino superior da Bahia e órgãos de governo, a fim de melhor identificar as demandas estratégicas da própria sociedade e do setor produtivo. Os temas são: Meio Ambiente, Práticas Sustentáveis e Educação, Transformação Digital, Produção Rural e Inclusão Socio-Produtiva e Tecnologia em Saúde e Educação no Pós Covid.
De acordo com Márcio Costa, diretor da Fapesb, as propostas englobam diferentes áreas do conhecimento. “Ao elencarmos diferentes programas, como, por exemplo, sistemas aquáticos tropicais, recursos genéticos vegetais, englobamos ele dentro do tema prioritário que é Meio Ambiente. Dessa forma, cada tema possui uma variedade interdisciplinar para contemplar diferentes áreas do conhecimento”, destacou.
Para Adélia Pinheiro, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, esta é uma oportunidade para começar 2021 com o reforço do compromisso de promover o ecossistema de CTI. “Com o esforço do Governo do Estado, através da Secti e Fapesb, ganha a sociedade, comunidade de cientistas, acadêmicos, pesquisadores e setor produtivo, já que o conhecimento produzido nas universidades retorna para a população em geral em forma de benefícios e soluções para melhoria na qualidade de vida”, completou.

Fapesb conclui etapas do Centelha Bahia; novo edital deve ser lançado em março

Evento vai prestigiar os contemplados na primeira edição do programa

Para celebrar e prestigiar os participantes contemplados no programa Centelha Bahia, a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) vai realizar um Workshop, nesta segunda-feira (21), às 15h, de forma virtual, no canal do YouTube da Secti. Na ocasião, que vai contar com a presença da secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Adélia Pinheiro, do diretor da Fapesb, Márcio Costa e do representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Marcelo Camargo, haverá divulgação de cinco empresas contempladas pela parceria da Fapesb com Vilage Marcas e Patentes, através de uma apresentação de Laêmia Gondim, além de depoimentos por parte dos participantes contemplados.

De acordo com Adélia Pinheiro, este é um momento que precisa ser celebrado. “Apesar das circunstâncias que exigem isolamento social, em virtude da pandemia da Covid-19, não poderíamos deixar que a conclusão das etapas de seleção passasse em branco. Por isso, estaremos de maneira segura e virtual, celebrando, conversando e tirando dúvidas dos 18 contratados iniciais do Programa Centelha Bahia, um programa que tem importância fundamental para o Estado, no sentido não só de mover a economia, mas também de criar oportunidades para que pessoas que antes não tinham este acesso, agora possam receber financiamento e acompanhamento para desenvolver seu próprio negócio”, disse.

Márcio Costa relembra do que se trata o programa e afirma que a segunda edição está muito próxima de ser lançada. “O Centelha Bahia contou com cerca de mil propostas inscritas no ano passado e vai conceder aos participantes, provenientes dos municípios de Salvador, Ilhéus, Feira de Santana, Paulo Afonso, Guanambi e Itajuípe, recurso financeiro de R$ 60 mil para que possam desenvolver seus trabalhos. Além disso, a Fapesb conseguiu captar mais recursos, na ordem de R$ 2,2 milhões, para o lançamento de uma segunda edição do programa em 2021, através do Programa Nacional de Apoio à Geração de Empreendimentos Inovadores, da Finep. A previsão é que o edital seja lançado em março de 2021, após os trâmites das próximas etapas de seleção”, declarou.

O Programa Centelha é resultado de uma ação cooperada de parceiros do Ecossistema de Inovação. Na Bahia, a execução do projeto é da Fapesb, que é vinculada à Secti, enquanto no âmbito federal fica por conta da Finep e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC). São também apoiadores o Conselho das Fundações de Amparo (Confap), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Fundação CERTI.

Pesquisadora utiliza cacau para criar cerveja artesanal no Sul da Bahia

Projeto visa desenvolver e valorizar a região, conhecida por ser grande produtora de cacau

A cerveja, que é uma bebida milenar apreciada no mundo todo, tem um processo de produção muito mais longo do que as pessoas que a consomem nas mesas de bar imaginam. Entre a moedura do malte, mosturação, fermentação, entre outros, a professora do Instituto Federal Baiano Campus Catu (IFCatu), Cassiane Nunes, acrescentou nessas etapas um ingrediente que é típico de sua região: o cacau. No desenvolvimento da bebida, que testou três diferentes tipos de leveduras e foram acrescidas da polpa do fruto, foi possível fermentar os componentes e produzir etanol e ésteres, ou seja, aroma e sabores distintos. “Nosso diferencial é que utilizamos leveduras nativas brasileiras, isoladas de biomas característicos da Bahia: Caatinga e Mata Atlântica, além de uma matéria-prima abundante aqui no Sul que é a polpa de cacau”.

A pesquisadora explica que a utilização da polpa de cacau, nas diferentes proporções avaliadas, possibilitou o mosto, uma mistura açucarada destinada à produção alcoólica, com características diferentes ao mosto puro malte e com melhor desempenho das leveduras comerciais também testadas. “As leveduras estudadas podem ser consideradas candidatas para a produção de cerveja em maior escala, já que apresentaram, em laboratório, bons desempenhos nos experimentos, como também boas características de manuseio”, disse, ao ressaltar que esta pesquisa científica traz resultados interessantes para indústrias cervejeiras de grande porte como também para as cervejarias artesanais. “O cacau é um produto de grande importância econômica para a região. Pensamos que seria muito viável estudar outras possibilidades de aplicação da sua polpa”, ressaltou.

A cerveja já passou por fase de experimentação e, segundo a pesquisadora, apresentou boas avaliações em aceitação sensorial e de intenção de compra. “Uma das linhas de pesquisa do LABMA, Laboratório da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde eu desenvolvi o trabalho sob a orientação da professora Ana Paula Uetanabaro, é a seleção de microrganismos para aplicação na indústria de alimentos e bebidas. Em um trabalho de pesquisa anterior, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), um banco de cerca de 5.000 isolados de leveduras foi gerado a partir de coletas feitas em Cachaçarias de produção Artesanal no estado da Bahia. Foi a partir daí que pensamos em aplicar as leveduras que já estivessem acostumadas às condições de estresse ambiental, como é no caldo de cana durante a fermentação na produção de cachaça: elevada concentração de açucares inicialmente na fermentação, elevadas temperaturas (meio da fermentação) e concentração de etanol ao final do processo fermentativo”, disse.

O trabalho, que além da Fapesb, também recebeu apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), já possui solicitação de depósito de uma patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e deu origem a dois artigos científicos.

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br

Novo tipo de panetone é desenvolvido por pesquisadora baiana

Projeto mostra que ciência e culinária tem tudo a ver ao desenvolver processo químico diferenciado e aplicá-lo em um alimento tradicional para esta época do ano

Com o início de dezembro, começam as vendas de diversos produtos natalinos, entre eles, o panetone. Famoso por preencher as prateleiras dos mercados e estar presente na mesa dos brasileiros, diversos tipos, entre doces e salgados, foram consumidos por cerca da metade de toda a população nacional, em 2019, de acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Agora, com o objetivo de incrementar de maneira sustentável e saudável, uma receita milenar, a pesquisadora Stephanie Gillet, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), desenvolveu durante seu trabalho de mestrado, um processo químico à base de enzimas de fungos, para que pequenos empreendedores possam aplicá-lo e assim melhorar a qualidade do seu produto.

Stephanie explica que geralmente os panetones caseiros tendem a perder a umidade e elasticidade da massa. “Foi a partir daí que optamos por estudar e aplicar amilases fúngicas de baixo custo para reverter esse problema, pois esta adição na panificação aumenta o volume dos pães, melhora textura do miolo, acentua a cor da crosta e atua no desenvolvimento de sabor”, disse. A pesquisadora também detalha como a adição desta enzima pode promover a qualidade de vida dos consumidores. “As enzimas, principalmente de origem fúngicas, são substâncias biocatalizadoras eficientes e específicas, que por serem naturais, conseguem promover um melhor sabor, textura, digestibilidade e valor nutricional ao alimento, tanto que já é utilizado na produção de cervejas, geleias, entre outros. Entretanto, na indústria de panetone, em vez de utilizar estes compostos, os fabricadores optam por substâncias químicas, o que é prejudicial à saúde”.

Além de promover a melhoria da saúde, o projeto tem impacto em outra área: a ambiental. É que o processo de extração do complexo enzimático fúngico aplicado nas receitas é obtido a partir do crescimento dos fungos nos resíduos do palmito de pupunha, que é amplamente comercializado na região Sul da Bahia. Segundo Andréa Miura da Costa, orientadora do projeto, durante o processamento do palmito da pupunheira, a porção comestível é retirada e as demais partes como folhas, bainhas e restante dos caules, são descartadas. “A fim de evitar que este resíduo seja jogado no lixo, e após estudos que comprovaram que os fungos podem crescer nos restos orgânicos da plantação e produzir as enzimas capazes de conceder volume, cor e coloração ao panetone sem a adição de produtos químicos, decidimos utilizar os resíduos do processamento da pupunha para fins biotecnológicos”, declarou.

A descoberta veio após a constatação de que os fungos Saccharomyces cereviseae e Trichoderma stromaticum se mostraram bons produtores das enzimas requisitadas e da estabilidade térmica e pH ácido estável, condições essencialmente requeridas de uma enzima para atender as demandas na indústria de alimentos. “Ao final dos experimentos, produzimos pães e panetones com as enzimas amilases estudadas e alcançamos resultados promissores, como o aumento do volume da massa e também uma melhora visual na cor da casca do panetone, tudo isso por meio de um processo natural, sem a necessidade de ingredientes artificiais”, destacou Stephanie.

 

Atualmente, o trabalho, que foi coorientado por Ana Paula Uetanabaro e contou com a colaboração da professora Elck Carvalho, do IF Baiano de Uruçuca, está temporariamente pausado, devido à pandemia de Covid-19, mas a pesquisadora afirma que estudos mais avançados serão necessários para avaliar a influência da enzima na textura e maciez da massa do panetone e de pães, para obter produtos diferenciados e acessíveis aos pequenos produtores. “A aplicação de amilases fúngicas de baixo custo na panificação poderá ajudar na produção de panetones artesanais, obtendo uma melhora para esse produto pelos pequenos produtores, pois confirmamos que a adição dessas enzimas na panificação pode influenciar de forma positiva no volume dos pães, na textura do miolo, na cor da crosta e no desenvolvimento de sabor”, completou Stephanie. O trabalho recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Bahia Faz Ciência

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail comunicacao.secti@secti.ba.gov.br

Inscrições abertas para novas startups se instalarem no Parque Tecnológico da Bahia

Com incubadora renovada, o Parque espera receber até 12 novas empresas de base tecnológica para serem impulsionadas

Com o objetivo de selecionar empresas de base tecnológica para serem incubadas e impulsionadas no Parque Tecnológico da Bahia, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), responsável pela administração do equipamento, reestruturou a Áity Incubadora de Empresas, que passou a ser gerida pela Agência de Inovação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Com a nova gestão, a Áity, também conhecida como Espaço Fortalecer, abrirá vagas, através de chamada pública, para que startups possam se instalar no Parque e receber capacitação, orientação e mentoria, através de parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Bahia).

Os selecionados pelo edital contarão com monitoramento, por parte do Sebrae, nas cinco dimensões de desenvolvimento de um negócio: empreendedorismo, tecnologia, capital, mercado e gestão, além de espaço físico de até 40m² por empresa incubada. A trilha de maturidade também prevê orientação empresarial e apoio na formação de estratégias competitivas e crescimento, na identificação de potenciais parceiros, alianças estratégicas de negócios no Brasil e no exterior, na elaboração e encaminhamento de projetos para captação de recursos junto às agências de fomento e instituições de apoio, entre outros.

A secretária da Secti, Adélia Pinheiro, ressalta que o edital é voltado para startups que possuam CNPJ e registro na Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb), com faturamento anual inferior a R$ 4,8 milhões. “Até 12 empresas serão selecionadas para se instalar no Parque Tecnológico, localizado na Paralela, podendo permanecer por um período de até 2 anos. Além da infraestrutura, ofertamos, através de uma parceria com o Sebrae, todo um processo de monitoramento, capacitação e orientação, com o objetivo de deixar a empresa pronta para o mercado. Esperamos que após passar pelo período que chamamos de ‘graduação’, ou seja, a fase em que a startup fica incubada, ela esteja pronta para se tornar uma empresa independente, que possa gerar renda e emprego na Bahia”, disse.

Além dos recursos físicos, Adélia chama atenção para a importância e as oportunidades que surgem para uma empresa que se instala no Tecnocentro Bautista Vidal. “No Parque, nós temos desde centros de pesquisas de instituições de ensino, até empresas de tecnologia, fazendo com que a possibilidade de conexão e networking com o ecossistema de inovação da Bahia, para o jovem empreendedor, seja imensa, podendo resultar em parcerias viáveis para criação e desenvolvimento de soluções que visem o bem-estar social e o avanço do Estado”, destacou, ao completar que, recentemente, a gestão do Parque passou ser feita pela Associação de Empresas do Parque Tecnológico da Bahia (AEPTEC) para gerar ainda mais sinergia entre os entes do ecossistema de CTI e para melhor integrar as empresas que estão resididas no local.

Para mais informações acerca da chamada pública clique aqui. Dúvidas também podem ser esclarecidas através do e-mail aity.incubadora@secti.ba.gov.br. Um cronograma detalhado com eventos virtuais para esclarecimentos de dúvidas será divulgado pela comissão julgadora em breve.

Parque Tecnológico da Bahia inaugura nova fase com a autogestão

Estratégia da Secti em contratar a AEPTEC busca potencializar as ações do Parque e ampliar a integração do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação

Com o objetivo de gerar sinergia entre os entes do ecossistema de CTI e para melhor integrar as empresas que estão instaladas no local, a gestão do Parque Tecnológico da Bahia, equipamento que é administrado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), contratou a Associação de Empresas do Parque Tecnológico da Bahia (AEPTEC) para operacionalizar a gestão dos serviços do equipamento. A cerimônia virtual, que oficializa a nova administração, acontecerá às 16h30, através do canal no Youtube, e contará com a participação de João Leão, vice-governador do Estado e secretário de Desenvolvimento Econômico, Walter Pinheiro, secretário de Planejamento, Edelvino Filho, secretário de Administração, Paulo Moreno, procurador Geral do Estado, Nestor Duarte, secretário de Administração Penitenciária, Marilda Gonçalves, diretora da Fiocruz Bahia, Cristine Araújo, diretora da AEPTECBA, Marcus Dratovsky, CEO da X-Testing e Ruben Delgado, presidente da Softex Nacional.

O contrato terá vigência de 4 anos, e, durante este período, vai permanecer recebendo orientação estratégica das ações por parte do Governo do Estado, através da Secti, que também irá monitorar e avaliar continuamente a execução do contrato e de seus indicadores de eficiência. De acordo com a secretária da Secti, Adélia Pinheiro, ao transferir a gestão operacional do Parque para a Associação, o equipamento ganhará uma nova operação que tem muito a contribuir com o ecossistema e com o desenvolvimento. “Ao passar a gestão para a AEPTEC, o espaço alcançará maior convergência entre empresas, poder público e a academia, repercutindo em mais desenvolvimento científico e tecnológico e utilização de inovação. Após a concretização, o Parque Tecnológico da Bahia seguirá rumo à sua autossustentabilidade, consolidando o seu protagonismo no desenvolvimento do ecossistema de CTI e empreendedorismo do Estado da Bahia”, destacou ao reiterar que um novo edital para abrigar novas empresas no local está próximo de ser lançado. “Em breve, teremos novas startups residindo no Tecnocentro, para promover, ainda mais, o investimento em ideias inovadoras”.

Após a Associação assumir a gestão, ela ficará responsável por administrar a parte patrimonial dos bens e imóveis, do orçamento financeiro, das aquisições de bens e serviços realizados, dos processos de seleção e contratação de pessoal e recursos humanos, controle e prestação de contas de todo o processo, entre outros. Durante a vigência do contrato, a Secti disponibilizará ações completares com o objetivo de gerar integração e desenvolvimento entre os residentes do Parque e a nova administradora. Entre as ações, está a inauguração do Espaço Colaborar do Parque, um espaço de coworking de uso aberto para a comunidade, integrado à rede de Espaços Dinamizadores que a Secti vem inaugurando no interior do Estado. “Um grande passo para a maior eficiência operacional na gestão do Parque Tecnológico, contribuindo assim para o fortalecimento da política de ciência, tecnologia e inovação”, diz o secretário da Administração, Edelvino Góes.

Cristine Araújo, diretora da AEPTEC, afirma que o objetivo principal da nova gestão, além da parte operacional e técnica, é focar em implantar um modelo de autogestão eficiente que contribua para o fortalecimento do ecossistema de inovação do Estado da Bahia. “Nesta parceria com a Secti, todos os esforços da nossa gestão serão pautados para que o Parque Tecnológico seja um ambiente que favoreça a convergência e a conexão de conhecimentos, ideias, projetos e tecnologias para impulsionar o desenvolvimento econômico, social, tecnológico e ambiental do nosso Estado”, disse.

O Parque Tecnológico da Bahia foi inaugurado em setembro de 2012, para acolher empresas de base tecnológica, centros de pesquisas públicos e privados, laboratórios e incubadoras de empresas. O Tecnocentro, sua principal, e única, edificação até então, abriga uma comunidade de cerca de 500 profissionais, distribuídos em aproximadamente 35 instituições de base tecnológica, entre centros de pesquisa, empresas de desenvolvimento tecnológico e empresas incubadas.

Climene Camargo e Maria Cândida de Queiroz debatem sobre saúde da população negra em live da Fapesb

Evento, que contou com certificação, faz partes das ações do Novembro Negro

“Que nesta oportunidade de diálogo, fique registrado que nos comprometemos com o princípio de respeito à diversidade e não aceitamos o racismo e nenhuma forma de intolerância. Em atitudes e praticas que se concretizam no dia a dia e em políticas específicas, a exemplo do edital voltado para apoiar pesquisas sobre saúde da população negra”. É desta forma que Adélia Pinheiro, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), realizou a abertura oficial do evento online “Saúde da População Negra: Importância da Pesquisa e do Fomento, no Combate ao Racismo Institucional”. A transmissão pelo canal do Youtube aconteceu na manhã do dia 25 de novembro (quarta), contou com mediação de Renata Matos da diretoria científica da Fapesb, e trouxe a apresentação das convidadas especialistas no tema, Climene Camargo, enfermeira e PhD em Sociologia da Saúde, além de professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba), e Maria Cândida de Queiroz, gestora pública, graduada em serviço social.

A professora Climene abriu a fala com dados sobre a realidade do racismo no cotidiano, ressaltando a negação do “direito de existir como igual” e fez uma análise do racismo estrutural e institucional, além de criticar o posicionamento por parte do governo federal em negar a existência do racismo, o que impossibilita práticas de combate. “O racismo não é só uma questão da população negra, é da população branca também, mas que interfere na saúde na população negra, além de ser algo que nos destrói, economicamente, socialmente, e em outros aspectos do desenvolvimento humano”, declarou. A segunda palestrante, a Maria Cândida, focou na importância de pesquisas nesta área, para a saúde da população negra e a gestão de políticas para pessoas que sofrem com anemia falciforme. “Existem determinantes que podem afetar diretamente a qualidade de vida e saúde das pessoas, são eles, os fatores biológicos, sociais e raciais”, afirmou Maria Cândida durante sua apresentação sobre o assunto.

Os interessados em conferir o evento na íntegra podem acessar o canal do Youtube da Secti, onde o evento, com cerca de 1h30 de duração, está disponível. A ocasião ainda concedeu certificado aos participantes, e para os que desejam ficar por dentro dos próximos eventos da Secti e Fapesb, devem ficar de olho nas redes sociais (Instagram, Facebook, Youtube) @sectibahia. O próximo encontro, que faz parte da série Secti – Diálogos Virtuais, debaterá sobre Redes Sociais, Internet e Dados, no dia 3 de dezembro, a partir das 10h30.

Fapesb realiza seminário virtual sobre saúde da população negra

Evento faz parte das ações de combate ao racismo que ocorrem durante o Novembro Negro

Com o objetivo de combater o racismo e a intolerância religiosa, bem como criar, promover e executar políticas públicas com vistas à promoção da igualdade racial, a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), vai realizar, no dia 25 de novembro (quarta), a partir das 15h, pelo canal do Youtube da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), um seminário online com o tema: “Saúde da População Negra: Importância da Pesquisa e do Fomento, no combate ao Racismo Institucional”. A ação compõe uma série de atividades do Governo da Bahia, relacionados ao Novembro Negro na Década dos Afrodescendentes.

O evento vai contar com as pesquisadoras Climene Camargo, enfermeira e PhD em Sociologia da Saúde, além de professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba), e Maria Cândida de Queiroz, gestora pública, graduada em serviço social, que implantou e coordenou o Programa Municipal de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme da Prefeitura Municipal de Salvador e foi co-fundadora da Associação Baiana das Pessoas com Doenças Falciformes (ABADFAL).

De acordo com Márcio Costa, diretor da Fapesb, esta campanha durante o mês de novembro reforça ações de igualdade racial da Fundação que são aplicadas ao longo do ano. “Na virada de 2019 para 2020, lançamos o edital Nº 005/2019 –voltado para apoio à Pesquisa Científica, Tecnológica e/ou Inovação em Doenças e Agravos prevalentes na População Negra e dos Povos de Comunidades Tradicionais, com ênfase em Doença Falciforme. Tendo em vista que a maioria da população de Salvador e da Bahia é negra, é de suma importância que o poder público invista em soluções voltadas para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, declarou.

A ação da Fapesb se enquadra na criação, promoção e execução de políticas públicas com o objetivo de gerar promoção da igualdade racial e de combate ao racismo e à intolerância religiosa no período de 2015-2024, época que marca a Década dos Afrodescendentes, estabelecido pela Organizações das Nações Unidas (ONU). A live, que terá duração de cerca de 2h, pretende ainda discutir sobre o impacto do racismo na saúde da população negra e como a pesquisa e o fomento à mesma, podem vir a contribuir neste enfrentamento.