Voltar
Publicado em: 23/09/2014 às 17:05

Pesquisadores da Fiocruz-Ba desenvolvem teste para diagnóstico da leptospirose com apoio da Fapesb

Por: Ascom/Fapesb

Segundo o último relatório de Pesquisa Mundial Econômica e Social das Nações Unidas, hoje, 1 bilhão de pessoas vive sem infraestrutura e serviços de saneamento básico e saúde. O mesmo relatório afirma que em 2025, este número duplicará, e haverá 2 bilhões de indivíduos vivendo nas chamadas favelas, locais sem boas condições sanitárias, sem coleta de lixo, nem água encanada e onde há pouca oportunidade de educação.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz-BA, Mitermayer Galvão Reis, isto é consequência da urbanização desenfreada e da desigualdade social, fatores que fizeram surgir um novo perfil de doenças nas populações mais pobres, chamadas de negligenciadas. Uma destas doenças é a leptospirose, conhecida como doença do rato. Sua transmissão ocorre através do contato com água ou urina de roedores contaminadas. Mitermayer diz que o risco do desenvolvimento de leptospirose está diretamente ligado à pobreza, e que, portanto, a leptospirose é um problema mundial.

Apenas no Brasil, cerca de 12 mil casos de leptospirose grave são notificados anualmente durante epidemias que ocorrem em comunidades carentes. A letalidade gira em torno de 10%. Em Salvador, a leptospirose é uma questão social e urbana e acontece nos mesmos lugares todos os anos.

Com o apoio da Fapesb, Mitermayer desenvolveu um grande projeto de conscientização da população de bairros pobres de Salvador sobre a importância do saneamento no combate à leptospirose. Os casos mais graves da doença foram detectados em áreas de vale que, por serem mais baixas, acumulam água das chuvas. Por isso, o pesquisador concentrou as ações na comunidade de Pau da Lima, onde detectou muitos casos da doença.

Com a ajuda de moradores da comunidade, Mitermayer realizou pesquisas sobre a incidência da leptospirose e descobriu que os pacientes infectados passavam por diversos hospitais até serem diagnosticados. A demora do diagnóstico levava muitos pacientes a óbito, pois a doença atingia estágios avançados, causando hemorragia pulmonar, situação na qual a letalidade gira em torno de 73%.

Mitermayer, juntamente com uma equipe de pesquisadores da Fiocruz, concluiu que com a identificação precoce da doença era mais fácil obter sucesso no tratamento. Decidiram, então, desenvolver um teste rápido para leptospirose. Com pesquisas de campo, eles perceberam que o HGE era o primeiro hospital para onde os pacientes se dirigiam quando apresentavam os sintomas como febre e dor muscular. Eles passaram a realizar testes com estes pacientes, colhendo amostras de soro.

A equipe identificou a bactéria e as proteínas de Leptospira nas amostras de sangue. Eles isolaram a proteína da bactéria causadora da leptospirose e conseguiram implantá-la em uma fita que fica dentro de um cartucho. Com apenas uma gota de sangue, tornou-se possível saber se o paciente está ou não infectado. Se o paciente estiver com a doença, os anticorpos entram em contato com a proteína e aparecem dois traços na faixa branca do cartucho. Se o exame der negativo, o equipamento mostra apenas um traço. Estava pronto, então, um teste capaz de identificar a leptospirose no paciente em apenas 20 minutos.

As técnicas atuais utilizadas para detectar leptospirose demoram mais tempo. Uma delas leva até 15 dias. O teste desenvolvido com apoio da Fapesb é rápido, eficaz e dá ao paciente a chance de iniciar o tratamento assim que diagnosticado, evitando que a doença se agrave e que o paciente seja internado. O projeto virou matéria no Jornal Nacional.

Agora, a equipe de pesquisadores está trabalhando em uma vacina contra a leptospirose, uma vez que o antígeno que serve para o teste, serve também para a vacina.

Por: Lorena Bertino – Ascom/Fapesb

Voltar